Alfabetização e Educomunicação

O papel dos meios de comunicãoe informação na educação de jovens e adultos ao longo da vida

Ismar de Oliveira Soares
Presidente da ABPEducom; Coordenador do NCE- Núcleo de Comunicação e educação da USP; docente do curso de pós-graduação em Educomunicação da USP.

Ao aceitaro convite para participar deste III Telecongresso Internacional de Educação de Jovens e Adultos, imaginei de imediato qual poderia ter sido a expectativa a respeito da fala de um professor e pesquisador da Escola de Comunicações e Artes da USP: descrevero potencial que representa para a educaçãoo uso dos recursos da informação.
Na verdade, argumentos não faltariam para isso, após ter coordenado, com êxito reconhecido pela Secretaria de Educação do Estado de São Paulo,um projeto de educação on-line intitulado Educom.TV , desenvolvido junto a 2.240 professores do Estado de São Paulo, tendo experimentado o satisfação de obter a permanência ativa, até o final do curso, de 89% dos inscritos, tendo alcançando, ao final dos sete meses do trabalho, um totalde 900 projetos de educomunicação, elaborados por duplas de professores, todos voltados para o uso ou a análise do audiovisual e da produção televisiva no espaço escolar.
Mas não é, contudo, exatamente sobre o uso ou o emprego das tecnologias no ensino de jovens e adultos que pretendo falar,mas é sobre a presençadestas mesmas tecnologias (e dos processos por elas gerados)provocando a emergência um novo paradigmana relação dos educadores e educandos com seus respectivos ecossistemas comunicativos. Pretendo falar sobre educomunicação, lembrando que é pela mediação tecnológica que se pode transformar a educomunicação em políticas públicas, especialmente quando se trabalha com públicos de jovens e adultos.
Para tanto, defino, inicialmente, a educomunicação como sendo o conjunto das ações inerentes ao planejamento, implementação e avaliação de processos e produtos destinados a criar e fortalecer ecossistemas comunicativos em espaços educativos, melhorar o coeficiente comunicativo das açõeseducativas, desenvolver o espírito críticodos usuários dos meios massivas, usar adequadamente os recursos da informação nas práticaseducativas, e ampliar capacidade de expressão das pessoas.
A educomunicação vem transformando radicalmente a educação de jovens e adultos no Brasil e em inúmeras partes todo o mundo.
1 – As tecnologias da informação e de comunicação nas políticas públicas de educação
O Brasil vive, no momento, um novo estágio na compreensão das relações entre as tecnologias e os processoseducativos. Programas na área do emprego dos recursos da informação para melhorar a educação convertem-se em políticas públicas.
muito, pioneiros vêm tentando esta façanha. Desde os anos 30, com a consolidação da radiodifusão, teóricos como Anísio Teixeira lembravam a necessidade de incorporar os meiosde informação aos processos educativos. Nos anos 50 e início dos 60, o rádio foi usado por Paulo Freire em seu projeto nacional de alfabetização de jovens e adultos,através do MEB Movimento de Educação de Base. Com o adventoda televisão, um sistema de TVs educativas foi implantado com a promessa de revolucionar a educação nacional. Progressos significativos têm sido obtidos, especialmente no campo da formação profissionalizante de jovens e adultos, notadamente no campo dos telecursos e de programas de educação a distância. A educação formal,contudo, resistiu o que pode às inovações e as iniciativas no campo das tecnologias no ensino não chegaram a empolgar nem o legislador, nem os núcleosformadores de futurosprofessores, as Faculdades de Educação.
No campo da educaçãocomo um todo, o vídeo-cassete, nos anos 80, e a informática, nos anos90, vieram rompero marasmo e criar a expectativa de que havíamos chegadoao tempo das mutações,como sugeria Lauro de OliveiraLima, ao comentar, ainda nos anos 70, os desafios trazidos à educação pela aplicação do pensamento de McLuhan. Naverdade, com os bons resultados alcançados por iniciativas como as do SESI e UnB, somadosao barateamento dos equipamentos e à disseminação da Internet, o uso das tecnologias ganhou legitimidade, superando certa visão ingênua e ufanista que havia caracterizado a disseminação de informações a respeito das novas modalidades de ensino. O emprego das tecnologias deixava de ser “coisa de especialistas” para converter-se em preocupação presente no próprio texto da nova LDB no final dos anos 80.
Uma leitura dos enunciados das normas para o a reforma do ensino médio no que diz respeito à área das linguagens e suas tecnologias nos conta, por exemplo,de que um novo ideário havia sido implantado: um ensino médio de qualidadedeveria voltar-se para novas áreas de conhecimento, de caráter interdisciplinar, tendo a comunicação como meio e como objeto do ensino, transformada em instrumento para o acesso a uma cidadaniamais plena.
Com isso, as tecnologias da informação convertiam-se, aos poucos, em políticas públicascom a inversão de fundosdestinados a introduzir as máquinas em escolas públicasde regiões carentes, em todo o país, e a criar programas de formação de professores através do uso dos recursos da educação a distância.
À margem dos projetos de modernização tecnológica do ensino formal, setores da sociedade civil já haviam descoberto, com anos de antecedência, nas práticas da educação não formal com jovens e adultos, a inviabilidade de se promover qualquer tipo de educação para a mudançano convívio humano e que garantisse a sobrevivência do planeta terra, assim como o bem estar das futuras gerações-, sem se fazer uso dos processos e dos recursos da comunicação.
Reconhecer a comunicação como o mais importante dos eixos transversais dos processos educativos foi, sem dúvida, o que garantiu o sucesso dos movimentos sociais em torno dos direitos das minorias, de um manejosustentável da terra,do bem estar da infânciae dos idosos, entre tantos outros temas.
A títulode exemplo, a memória da conferência Rio 92, guardadanas páginas de revistas e jornais da época, nos traz não a presença de chefes de estado tomando importantes resoluções, mas a imagem de milhares de ativistas vinculados a pequenas ONGs ou a centros de culturas que, nomundo inteiro, usando as comunicação popular e suas tecnologias, haviamtrazido às pautas dos meios massivose das autoridades internacionais assuntosde vital importância para a sociedade.
Tão grande mobilização somentefoi possível porque as tecnologias haviam passado de recursos a serviço da alfabetização e da educação (regidas pelo conceito de “tecnologias da educação”), a objeto da própria alfabetização (regidas pelos conceitos de “educar para a comunicação”, “educación a los medios”, media education, media literacy, information literacy). Em outras palavras, o movimento social, antes mesmo que a educação formal e as políticas de governoassumissem o tema como meta de seus políticas de investimento, já havia assumidoos meios de informação e sua análise,colocando-os a serviçode seus projetos de formação de jovens e adultos, especialmente nos centros de comunicação e educação popular1.
Para a sociedade civil, a comunicação introduzida no ideário da educação deveria, sobretudo, ter uma qualificação: ser dialógica, participativa e interativa, negando-se espaço para os procedimentos reforçadores de atitudesautoritários e excludentes. A garantia de que a dialogicidade disseminada por Freire estariachegando efetivamente ao campo do ensino residiria na superação da tradicional perspectiva iluminista e conteudística de educação por uma vertente mais construtivista e eminentemente dialética de busca compartida e de comunicação do saber, propostatraduzida no lema “aprender fazendo”
Acreditava-se que o que se teria que construir, na educação como um todo, não seria, exatamente, uma “sociedade do conhecimento”, mas, talvez, numa “sociedade da comunicação”. Esta foi a proposta trazida,no final do século XX, pelos que, como Mário Kaplún2, defendiam a emergência do campo da educomunicação e o exerciam nos centros de formação de lideranças populares.
Chegamos, finalmente, ao século XXI com uma pergunta: o que de novo estaria emergindo na relação entre comunicação e educação, capaz de mobilizar a sociedade em torno de um novo projeto de aprendizado e de relações de vida?
2- Caminhos da Educomunicação
Nas últimasdécadas, manifestações ocorridasna sociedade civilvêm revelando a existência de uma comunicação diferenciada: as pessoas, ao participarem de organizações e movimentos comprometidos com a solução dos grandes problemas sociais, acabam inseridas num processo de educação não formal relacionado diretamente a propostas populares de formação para a cidadania. Nesse sentido, estaríamos diante de um fenômeno novo, mobilizador; com exigências teórico-metodológicas que nem sempre contam do ideário ou das práticas previstas para o ensino formal.
O fundamento que sustenta a ação destes setores organizados da sociedade está embasadono princípio de que os meios de comunicação são bens públicos, representando uma conquista da humanidade enquanto instrumentos capazes de democratizar, de forma ágil, a informação, a cultura e o conhecimento.
No Brasil, as configurações mais recentes destas novas práticas comunicativas evidenciam um uso cada vez maior das tecnologias de comunicação (rádio, televisão, Internet etc.) pelas organizações comunitárias e ONGs e de um processo crescentede democratização dos meios de comunicação de massa na sociedade. É o que justifica, por exemplo, a intenção do programa Fome Zero de associar ao auxílio material para eliminar ou reduzir a fome, o acesso à radiodifusão comunitária em mais de mil cidades brasileiras3. O poder de transmitir mensagens através da mídia, principalmente a de cobertura local e regional, amplia-se,desta forma, a novos emissoresa novos emissores. Ao mesmo tempo, a grande mídia também democratiza seu espaço a temáticas de interesse público.
As pesquisas do Núcleo de Comunicação e Educação da ECA/USP vêm confirmando esta tendência, concluindo que, em decorrência da ação das organizações sociais, à margem da Universidade e do sistema formal de ensino, a união estratégica entre os campos da Comunicação e da Educação vem ensejando a emergência de uma nova prática de intervenção social, voltada essencialmente para o fortalecimento da capacidade de expressão dos jovens e adultos para que eles mesmos descubram seu potencial4.
Foi, por exemplo, ao longo da última década que cerca de dez mil emissoraspopulares de rádio passaram a operar a partir das bases da sociedade, tendo os seus promotores alcançado, através de muita pressãoe lobby, a regulamentação da radiodifusão de baixa potência, através da Lei 9.612/98 e do Decreto 2.615/98. Foram criados os canais comunitários, universitários, legislativos e educativos culturais (Lei 8.977/95 e regulamentada pelo decreto 2.206/97), permitindo a utilização de veículos de comunicação que chegam a todos os rincõesdo país. Segmentos sociais até então alijados do poder de transmissão e gestão da mídia, passam a ter o direito de fazê-lo. Os dados revelam que tão importante quanto o acesso às tecnologias modernas tem sido o fato da comunicação comunitária ter sabido adaptar-se um espaço mais plural de participação e de respeitoàs demandas de seus públicos.
A pesquisado NCE levou em contajustamente o fenômenodo crescimento da “ação comunicativa” na sociedade e buscou saber como a inter-relação Comunicação/Comunicação ocorre na realidade prática das relações sociais. Detectou, então, que a questão da cidadania vem apresentando-se como o enlace de todas as experiências no campo.
A pesquisado NCE/ECA/USP constatou, também, que um grupo significativo de agentes culturais, no Brasil, na América Latinae em outras partes do mundo, vem pautando seus projetos e suas ações a partir da concepção de que a comunicação é um bem social de suma importância que deve ser analisado e implementado exclusivamente sob a óticado bem comum. A questão não é mais o que o mercado determina, mas o que a sociedade deseja e necessita.
Respondendo a uma entrevista da revista eletrônica N@egócios, em 2001, Bill Gates reconhecia que para além do mercado está a sociedade civil e as necessidades da população, ao afirmar que boa parte do mundo tornou a leituraalgo a que todos têm direito. Isso é feito com instituições, como escolas e bibliotecas. Com a computação, a melhor abordagem para a alfabetização é possibilitar a todos o acesso. A visão mais recente nos Estados Unidos é que cada criançatenha um laptop.Na escola ele se liga a uma rede local sem fio e à Internet, dando ao estudante o sentido de propriedade. Reconhecendo-se que os custos ainda são altos, o correto é levar as pessoas para instituições. O ideal é ter computadores que possam ser usados por qualquer um que queira aprender na escola em bibliotecas ou em centroscomunitários5. Bill Gates apontava para a importância de se transformara mediação tecnológica em políticas públicasno campo da educação.
3 – Mediação tecnológica na educação
O capítulo mais em evidência no campo da educomunicação, neste momento, é efetivamente o que denominamos como mediação tecnológica na educação. Este campo de estudo contempla a análise das mudanças decorrentes da incidência das inovações tecnológicas no cotidiano das pessoas e grupos sociais, assim como o uso das ferramentas da informação nos processos educativos, sejam os presenciais sejam os a distância.
A preocupação com as tecnologias na educação tem sido estimulada, na verdade, tanto pelo avanço das experiências educacionais no campo da virtualidade tecnológica quanto pela mobilização governamental em torno da denominada “economia da informação”6. No Brasil e em todo o mundo, parte considerável do desnível entre pessoas e instituições já é – e será progressivamente ainda mais – resultado da assimetria no acesso e entendimento da informação disponível na sociedade e na conseqüente capacidade de agir e reagirde forma a usufruir seus benefícios7. As preocupações sociais contidas no projeto governamental brasileiroforam certamente inspiradas, em muitos de seus pontos,na mobilização que a própria sociedade havia iniciado, algumas décadas,nas discussões em torno de uma perspectivamenos tecnicista e mais educativapara a análise da presençados recursos da informação na sociedade.
NaAmérica Latina, um dos protagonistas que tem contribuído para se pensarsobre as sociedades mediatizadas tecnologicamente tem sido Jesús Martín-Barbero, ao introduzirno debate o conceito de ecossistema comunicativo. Afirma Martín-Barbero que para enfrentar o desafio tecnológico devemos estar conscientes de dois tipos de dinâmicas que movem as mudanças na sociedade: a incidência dos meios tradicionais e o impacto das novas tecnologias na vida em sociedade. Contudo, ele garante que num primeiro movimento, o que aparece como estratégico, mais do que a intervenção dos meios, é a apariçãode um ecossistema comunicativo que se está convertendo em algo tão vital como o ecossistema verde, ambiental. Para o autor, a primeira manifestação e materialização do ecossistema comunicativo é a relação das novas pessoas com as tecnologias – desde o cartão magnético que substitui ou acesso ao dinheiroaté as grandes rodovias da Internet gerando sensibilidades novas, muito mais claramente visíveis entre os jovens8.
Tal perspectiva garante a superação da tradicional visão instrumental das tecnologias, para instaurar um discurso sobre o cenário e o ambiente em que atuam. Nesse sentido, o âmbito dos debates é o das mediações e não apenas o da “instrumentalidade tecnológica”9. É neste sentido que a educomunicação trabalha com o conceito de mediação tecnológica em espaços educativos.
E onde incidiria o olhar comunicacional sobre a mediação tecnológica em espaços educativos? Em dois camposo da aprendizagem e o da educaçãopara a cidadania.
O campo da aprendizagem tem sido, na verdade, objeto de reiterados debates entre educadores, em tempos recentes, sob diversas perspectivas. Quando a aprendizagem é analisada tão somente a partir da perspectiva educativa, cai-se normalmente no erro de se pensar que as novas tecnologias representariam uma panacéia, responsável, por si sós, por mudanças significativas no campo da educação. Pierre Lévy prefere, contudo, situar a aprendizagem no contexto de uma “ecologiacognitiva”, repleta de valores e significados simbólicos, que nutre psíquica e culturalmente a sociedade contemporânea. Lévy anuncia o programa de uma ecologia cognitiva como o estudo das dimensões técnicas e coletivas da cognição, analisando as coletividades pensantes formadas por homens e coisas, considerando, fundamentalmente, que a cognição é o resultado de redes complexas onde interagem um grande número de atores humanos, biológicos e técnicos10.
O resgateda aprendizagem como espaço produtorde sentidos em processos pedagógicos tem sido, por exemplo, uma das contribuições do argentino Daniel Prieto para a análise das relações tecnologia/educação. Segundo este autor, o desenho conceitual para introduzir as tecnologias ao serviço da educação é primordialmente comunicacional11. Por outro lado, o denominado deslocamento dos centros de aprendizagem, tanto das fontes do saber quanto dos atores do processo educativo, compromete seriamente o tipo de modelo comunicacional que  dá  suporte  a  estas  práticas  formativas.  Não  existe,  pois,  apenas  um  modelo de ecossistema comunicativo, mas diversos, segundo os graus de interatividade presentes nos processos de trocas simbólicas.
Um dos deslocamentos a serem contemplados, numa visão mais dialética da presença tecnológica no mundo, diz respeito à transferência de um modelo de comunicação linear a um modelo em redes, de comunicação distribuída. E este fato desestabiliza definitivamente os modos tradicionais de se fazer a educação. Frente a este panorama, o convite é para que comunicadores, educadores, engenheiros, gestores de informação pensem, desenhem e avaliem juntos a introdução das novas tecnologias na educação, perguntando-se permanentemente pelo modelo de comunicação que subjaz ao sistema educativo específico. A isso denominamos de gestãoda comunicação e da informação em espaços educativos. Tal projeto incluia educação a distância, a educação para os meios e a própria educação não formal. Em todos estes sistemas ocorre o mesmo: a aprendizagem se dá na medida em que o indivíduo sente-se tocado, envolvido, conectado. Desta maneira, o ambiente mediado por tecnologias pode ajudar a produzir sentidos,convertendo-se em mediação.
A comunicação em rede pode ser pensada através de uma tecnologia de ponta, no caso, a rede web, como pode ser implementada através de tecnologias mais tradicionais com o rádio. Interessantes experiências vêm sendo desenvolvidas em várias partes do mundo tomando como instrumento a linguagem radiofônica. É o caso do World Radio Forum (www.worldradioforum.org), que reúne produtores adultos e adolescentes de vários continentes propondo uma produção radiofônica de qualidade que atenda os direitos e interesses das crianças e jovens. As discussões em toro do fórum começaram na Cidade do Cabo,na África do Sul, com grupos de debates em outras cidadesda África e da Europa. No momento, a publicação de um Manifesto Internacional sobre a Rádio para Jovens e Crianças, que incluirá contribuições de grupos de adultos, criançase jovens do mundo inteiro, é a primeira prioridade do dirigentes do fórum. O Manifesto está planejado para ser publicado em ato a ser celebrado no Rio de Janeiro, em abril de 2004.
No Brasil, o tema da construção de rede de jovens comunicadores vem ganhando destaque pela ação de ONGs e instituições do Terceiro Setor interessadas na promoção de programas centrados no exercício da comunicação. No campo profissional, a UCBC –União Cristã Brasileirade Comunicação Socialconseguiu criar e manter, do início dos anos 90 até a presente data, a Rede de JovensComunicadores Amigos da Infância, com mais de 500 profissionais dando apoio à pastoralda criança em seus respectivos meios de informação. no campo da educação formal, o Projeto Educom.rádio, desenvolvido pelo NCE–ECA/USP num contrato com a Secretaria de Educação do Município de São Paulo, busca o caminho de formação de redes, independentemente da idade dos educados (trabalha com crianças de oito anos a jovens de 18, associados aos professores e membros da comunidade escolar) inicialmente  no  espaço  da  própria  escola  e,  em  seguida,  nos  espaços  da  cidade12O Educom.rádio – ou Educomunicação pelas ondas do rádio – trabalha basicamente para criar condições para o fortalecimento de ecossistemas comunicativos francos e abertos, estimulando a cultura da solidariedade e repensando as práticas pedagógicas de crianças, jovens e adultos. A linguagem radiofônica, democrática, com potencial de resgate da oralidade e ampliadora da possibilidade de expressão da comunidade, é o fio condutor do projeto. Pelo rádio, crianças, jovens e adultos de diferentes pontos da cidade começam a ser conhecer a planejar juntosum mundo melhorpara todos 13.
4     – O Educomunicador, segundo Geneviève Jacquinot
Como vimos, a educomunicação não nasceu no espaço escolar formal, mas nos embates das luta social, junto ao público presentenos programas de educação de jovens e adultos, nua trajetória que conta mais de 30 anos. Envolveu, primeiramente, os agentes sociais do movimento popular; chegou depois à mídia, renovando a linguagem e os conteúdosde programas massivos, especialmente na produção de documentários de interesse educativonas grandes emissoras de rádio e TV, para aportar finalmente na escola, através de projetos como o Educom.rádio. Para que a educomunicação seja desenvolvida, os sistemas educativoe comunicativo necessitam contar, contudo, com uma espéciede promotor, um novo profissional, identificado pelo Fórum sobre Mídia e Educação, promovido pelo MEC, em São Paulo, em 1999, como o Educomunicador14. No caso do Educom.rádio, o NCE- ECA/USP conta com uma equipe de 150 especialistas, em geral jovens estudantes e profissionais. É a nova geração de educomunicadores em processo de prática social e de auto-formação.
Em trabalho apresentado durante o I Congresso Internacional de Comunicação e Educação, promovido pelo mesmo NCE/ECA-USP, em São Paulo, em maio de 1998, a Professora Geneviève Jacquinot, da Universidade de Paris 8, apresentou sua tese segundo a qual a figura do educomunicador é imprescindível ao ambiente educativo. Demonstra como, também na escola, profundas transformações vêm ocorrendo graças a uma maior aproximação entre o ensino formal e a sociedade em movimento15. Para Jacquinot, a escola é uma instituição ao mesmo tempo educativa, sociale política. Esta tríplice dimensão subsiste, mas cada uma delas vem sofrendo visíveis modificações nas últimas décadas, sempreque o sistema formal de educação se aproxima das filosofias e das práticasda comunicação, sob a ação eficaz do educomunicador.
No referido paper, Jacquinot centra sua análise na relação entre escola e meios de informação. E o faz sublinhando fortemente tanto o que opõe a escola aos meios, quanto o que aproxima a escola dos meios, notadamente, as teorias educativas e as teorias da comunicação, nas suas versões mais atuais, facilitando a compreensão do tema deste evento, ou seja a “alfabetização e educação ao longo da vida, o papel dos meios de comunicação e informação”.
5-    Da oposição entre o saber escolar e o saber midiático
Para Jacquinot, muitos fatores opõem de fato a escola tradicional e o sistema de meios, em seus papéis concorrentes da transmissão da cultura e da formação dos sujeitos individuaise sociais:
·  Um é voltadopara o passado (o patrimônio), os outros se interessam pela atualidade;
·   Um repousa sobre a lógica da razão, os outros sobre a surpresa do acontecimento, o impacto e o emocional;
·   Um ignora (ignorava?) a lógica econômica, os outros só funcionam segundo ela;
·   Um constrói-se na durabilidade, os outros na efemeridade;
·   Um procura formar os cidadãos, os outros os consumidores.
·   O estudo dos meios valoriza a subjetividade enquanto a idéia de objetividade é subjacente a todas as disciplinas ensinadas na escola.
A autora declina também outras oposições, notadamente em relação aos modos de apropriação dos conhecimentos: Na escola, que é obrigatória e demanda esforço,o saber transmitido é selecionado, construído, arquitetado segundo uma progressão definida, que se desenvolve no tempo. A escola entende-se como objetiva e não-temporal, a mesma para todos e igualmente distribuída, fazendo jus ao emprego de uma avaliação sistemática. A escola acredita ocupar um lugar privilegiado em relação ao mundo exterior, porser encarregada de transmitir a cultura do saber… e é por isso que pretende apresentar-se como melhor adaptada aos jovens de meios sócio-culturais mais favorecidos. Já com os meios de comunicação, o que é transmitido é muito mais informações do que o saber (o que não é a mesma coisa). O saber-informação é fracionado, descontínuo, mostrado “em mosaicos”, como se costuma dizer. O que é privilegiado é “o aqui e o agora”, o rápido e o efêmero; “a encenação da informação”, mais do que o conteúdo; o sensacional e o emocional, mais do que o racional e o abstrato. Enfim, os meios tratam de todos os assuntos, e não hánenhum controle sobre a forma como trabalham.
Assim, para Jacquinot, à primeira vista,“saber midiático” e “saber escolar”se opõem e propõem aos alunos “culturas” diferentes: essas culturasserão diferentemente integradas, segundo a origem sócio-cultural dos alunos e de sua família. Os alunos que chegam à sala de aula estãoimpregnados de “culturamidiática”, sobretudo a televisiva, mas o fato é ignorado pela escolatradicional, para qual existe apenasuma “cultura” e um “saber”, aquele promovido pela educação.
Diante dessa situação,os professores são tentados a tomar posiçõesextremas:
·  Ou bem ignoram a influência dos meios e mantêm a tradição da escola e ignoram a diversidade das realidades sociais e culturais; ou bem introduzem os meios na escola e servem-se deles para atingir seus objetivos pedagógicos, esquecendo-se, contudo, que trabalhar sobre os meios e suas mensagens.
·   Ou, ainda,criam cursos especializados de “educação para os meios”,sem que nada mude no conjunto das outras práticas escolares.
Para a professora da Sorbone,existe um quarto caminho: a educomunicação: uma outra via, mais exigente ainda para os alunos e mestres, mas a única possível nocontexto da sociedade de amanhã: a do educomunicador que aproxima a escola da comunicação, a partir de uma perspectiva cidadã.
6- Aproximando a educação formal da comunicação social
Geneviève Jacquinot reconhece que, na prática, não se pode permanecer na visão que sustenta a dicotomia entre“saber midiático” e “saber escolar”,por, pelo menos, três razões:
Primeiramente, porque não há escolha e, queiramos ou não, os alunos hoje aprendem coisas dos meios, mesmo que seja de uma forma que escapa ao pedagogo e aos pais. A casa não é mais o “lar”, não é mais o lugarque permite conservaras crianças ao abrigo do mundo exterior mais do que a sala de aula. Em segundo lugar, porque a escola e os meios têm pontos em comum e o que se aprende na escola pode ajudar a compreender os meios e vice- versa. Enfim, porque os modos de apropriação do saber mudaram, e mudarão ainda mais na nossa sociedadeque desenvolve “as indústrias do conhecimento” (indústria cultural).
Observa-se, por outro lado, que as teorias da comunicação como as teorias da aprendizagem atualmenteconvergem para substituir o paradigma da “transmissão” de conhecimentos, como valores, pelo da “mediação” compreendida como modelo interpretativo e relacional de apropriação de conhecimentos.
Do lado da Educação, Jacquinot lembra, por exemplo, o esforço que vem sendo feito para valorizar a participação ativa do aluno (o que se traduz freqüentemente pelo famoso slogan “oaprendiz no centroda aprendizagem”) ou seja, valoriza-se o papel da “aprendizagem pelo fazer”,de acordo com o que propõe o pedagogo Freinete muitos outros.Recorda, também, a concepção construtivista da aprendizagem, sobre os passos de Piaget, mas também de Vygotsky, de Wallon e mais recentemente de Bruner: concepção que privilegia o significado e sua construção e não a informação e seu tratamento (a aprendizagem como “construção do significado”). Lembra, finalmente, a dimensão cooperativa ou colaborativa da aprendizagem, que põe em evidência o papel dos pares e da tutela do adulto nas situações de aprendizagem (a aprendizagem como “ato social”).
do lado das teorias da comunicação, a autora recorda a evolução,a partir dos anos 40, dos modelos comunicacionais e seu impacto relativo sobre as concepções da comunicação pedagógica. Inicialmente, segundo ela, seguiu-se religiosamente o modelo matemático e funcionalista da informação, de origem norte-americana, que impregnou durantemuito tempo a análise sociológica dos “efeitos’ dos meios, reduzindo-se o conhecimento à informação e assimilando-se a comunicação pedagógica a uma comunicação unidirecional, do emissor para o receptor. Tal concepção foi confrontada pela visão européia neo-marxista da escola de Frankfurt sobreos efeitos ideológicos dos meios, e que teve uma influência nefasta, contribuindo para “diabolizar” a relação escola-televisão, cimentando fortemente a hostilidade dos professores frente aos meios em geral e à televisão em particular. Já no final do século XX, especialmente após os anos 80, a pesquisa em comunicação abriu novas perspectivas, acompanhando a mudança de paradigma pedagógico da “transmissão” para a “mediação”,ressaltando-se o interessepelo trabalho do “receptor” transformado em co- construtor da mensagem, valorizando-se a idéia de que, na comunicação educativa, o conhecimento construído pelo sujeitoresulta, antes de tudo, das suas interações com os outros atores humanos, assim como com todos os componentes do contexto de aprendizagem, inclusive do contexto midiático.
7-           Especificando a figura do Educomunicador
Neste contexto, emerge a figurado novo mediador cultural. Mas, o que seria, afinal,o educomunicador?
É alguém que tem dupla função teórica, trabalhando na convergência entre as ciênciasda educação e as ciências da comunicação. Segundo Jacquinot, um profissional:
·    consciente que uma educação“de massa” e “multicultural” situa-sealém da simples aquisição de conhecimentos escolares;
·     que vê nos meios uma riqueza pelos seus conteúdos informativos, mas também pela maneira em que eles fornecem uma representação do mundo: donde a necessidade de analisar e de comparar,visando retificar as ditas representações;
·     que está convencido que a uma emissão não é um ato “passivo”,mas mobiliza uma quantidade de “micro-saberes” acumulados que o professor pode ajudar o aluno a colocar em relação, para construir seu conhecimento e lhe dar sentido;
·      que sabe que, quando ele introduz os meios como objeto de estudo, não é para fazer do aluno um pseudo-jornalista ou aprendiz-apresentador, mas para ensiná-lo a analisar do triplo ponto de vista do “poder” econômico e ético (político) que os produz, das “montagens do discurso e da cena” que constrói as mensagens e da audiência que lhes dá “sentido”.
·     que aceita um novo referencial para a relação educador/educando: o aluno pode ensinar ao mestre (principalmente a manipulação das novas tecnologias), os alunos podem ensinar uns aos outros (principalmente confrontando seus pontos de vista ou suas fontes de informações ou suas soluções para o problema proposto, em diálogo direto, por correio eletrônico ou fórum mediado);
·  que aceita que entrem na escola outros universos e outras modalidades de apropriação da realidade: em particular, ele pode, a partir das emoções provocadas pela televisão, trabalhar sobre diversas “abordagens do real” e construir progressivamente um pensamento rigoroso.
Numa palavra, o educomunicador reconhece que não há mais monopólio da transmissão de conhecimento, e que não é só o professor que tem o direito da palavra. Os professores que introduziram os meios na escola, como a imprensa, a televisão, puderam perceber que isso provoca mudanças profundas nos objetivos e nos métodos de ensino.
Esse movimento, já engajado com os meios de massa, encontra-se multiplicado atualmente pelo desenvolvimento da informática e das redes de comunicação. Em contrapartida, diante da proliferação das fontes de informação e de conhecimento, o educomunicador reafirma mais do que nunca seu papel insubstituível: não mais de acumular conhecimentos – que se pode encontrarem outro lugar mas de se servir dos conhecimentos para construir uma certa representação do mundo. Representação essa não mais “objetiva” como se acreditou por muito tempo,mas “relativa”, permitindo a adaptação a diferentes situações.

Conclusão
O educomunicador apontado por Geneviève como figura necessária na educação formal de crianças e jovens, já está presente, há décadas, no cenário latino-americano, nos processos educativo que envolvem jovens e adultos.
Foi, na verdade, como ficou comprovado, no espaço da educação de jovens e adultos que o campo da educomunicação emergiu e ganhou sustentação teórica e programática, permitindo, em seqüência, a transferência dos conhecimentos adquiridos para todo o sistema de ensino.
Trata-se, contudo, de um campo em construção que necessita ser observado e enriquecido. 

Notas
1-     Ver sobre o tema: Rosa Maria ALFARO MORENO, “Culturas populares y comunicación participativa: en la ruta de las redefiniciones”. In: Participación social en los medios masivos? – canales regionales y sociedades urbanas. Memórias: Foro Internacional. Bogotá: Centro Cultural Minuto de Dios, nov. 1998, p.58- 76.
2-     Mário KAPLÚM, “Processos educativos e canais de comunicação”. Revista Comunicação & Educação, São Paulo: Moderna/ECA-USP, jan./abr.de 1999.p.68-75.
3-     Ver O Estado de São Paulo, caderno A, edição de terça feira, 7 de outubro de 2003.
4-     SOARES, Ismar de Oliveira. “Comunicação/Educação, a emergência de um novo campo e o perfil de seus profissionais”, in Contato, Revista Brasileira de Comunicação, Arte e Educação, Brasília, ano 1, n.2,jan/mar. 1999, p. 5-75. Ver também: SOARES, Ismar de Oliveira,“La Comunicación/Educatión como nuevo campo del conocimiento  y el perfil de su profesional”, in  Nexos, São Paulo, Universidade Anhembi-Morumbi, ano III, no. 5, 2º sem, 1999, pg. 07-28. A pesquisa realizou-se entre 1997 e 1999, junto a uma amostragem de 172 especialistas de 12 países da América Latina. Uma outra pesquisa, realizada nos Estados Unidos, entre 1999 e 2000, a partir da MarquetteUniversity (Milwaukee, Wisconsin), veio confirmar a hipótese alimentadapelos estudos latino-americanos.
5-     GUROVITZ, Hélio. Adivinhe quem riu por último. N@egócios, Exame, Julho/2001. p.b14.
6-      A economia da informação no Brasil corresponde, hoje, a cerca de dez por cento do Produto Interno Bruto PIB, incluindo-se nesta estimativa as indústrias de computação, comunicação e mídia. A importância de cada uma das três cresce aceleradamente e sua confluência é cada vez mais visívelnos planos e projetos nacionais de desenvolvimento dos paísesque estão investindo na economia digital.E foi justamente para colocar o país em alerta quanto à necessidade de discutir a inter-relação entre as indústrias de computação, o setor educacional e a mídia que o Governo Federal criou o Programa Brasileiro para a Sociedade da Informação, com um orçamento previstode 3 bilhões de dólares.Cf. Ver: MCT Ministério da Ciência e Tecnologia, Bases do Programa Brasileiro para a Sociedade da Informação, novembro de 1999.
7-     MCT, Bases do Programa Brasileiro para a Sociedade da Informação, p. 3
8-     MARTÍN-BARBERO, Jesús. “Retos culturales de la educación a la comunicación. In: Comunicación”, Educación y Cultura. Relaciones, aproximaciones y nuevosretos. (Desafios culturais da educaçãopara a comunicação. Comunicação, educação e cultura. Relações, aproximações e novos desafios.)Bogotá:   Cátedra UNESCO de Comunicación Social. Facultad de Comunicación y Lenguaje, Pontificia Universidad Javeriana, 1999.
9-     MORENO, Marisol. “Información, comunicación y tecnología” in Signo y Pensamiento. Bogotá, n. 34, 1999. p 89-104.
10-  Pierre Lévy anuncia o programa de uma ecologia cognitivacomo o estudo das dimensõestécnicas e coletivasda cognição, analisandoas coletividades pensantesformadas por homens e coisas. Lévy considera que a cogniçãoé o resultado de redes complexas onde interagem um grande númerode atores humanos, biológicos e técnicos. Cf. LÉVY, Pierre.As tecnologias da inteligência: o futuro do pensamento na era da informática. Rio de Janeiro: Editora 34, 1993. O que é o virtual? Rio de Janeiro: Editora 34, 1996.
11-  PRIETO, Daniel. Educar con sentido. Apuntes sobre el aprendizaje. Mendonza: EDIUNC, 1993.
12-  Como um programa de política pública em educação, o Educom.rádio é oferecido a 455 Escolas Municipais de Ensino Fundamental. O projeto teve início no segundo semestre de 2001 com términoprevisto para o últimosemestre de 2004. Ao todo são sete fases (uma por semestre), nas quais é oferecido a um número crescente de escolas. Ao final do projeto, espera-se atingir diretamente 11.245 participantes, entre professores, alunos e membros da comunidade. Informações mais detalhadas sobre o Educom.rádio, incluindo o tipo de equipamento de rádio utilizado pelas escolas, podem ser encontradas em nosso site: www.educomradio.com.br. O site da Secretaria Municipal de Educação também oferece informações sobre o projeto: www.prefeitura.sp.gov.br/secretarias/educacao.
13-  Aredução, na média,de 50%, e, em algunscasos, de 95% dos registrosde violência nas escolas do Município de São Paulo atendidos pelo Educom,rádio mostra a eficácia do uso da comunicação como forma de convivência social (ver artigo “Escolas criam rádios comunitárias e diminuem seus índices de furtos”, in Diário de São Paulo, edição de domingo, 5 de outubro de 2003)
14-  Ministério da Educação. Mídia & Educação. Perspectivas para a qualidade da informação, recomendações. Brasília: MEC, 2000. p. 24.
15-  JACQUINOT, Geneviève. “O que é um Educomunicador?”: ver link para ‘textos”, em www.educomradio.com.br.
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Alfabetização e Educomunicação

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