Um conto de Natal? Ou… um conto de Educomunicação!

Prof. Carlos Lima abre as comemorações dos 10 anos do Imprensa Jovem na Câmara Municipal de São Paulo


No dia 17 de dezembro, o Prof. Ismar Soares recebeu uma mensagem de um ex-integrante do Educom.rádio, com quem se encontrara na Câmara Municipal de São Paulo, durante a celebração dos dez anos do Imprensa Jovem.
Era Danilo Vaz que, em 2001, participou como adolescente do programa de formação em educomunicação, ministrado pelo NCE/USP, e que beneficiou 6 mil professores, 4.500 estudantes, além de mil membros das comunidades educativas de 450 escolas da rede municipal de educação de São Paulo.
Ao ler a missiva, o Prof. Ismar sentiu que estava recebendo um presente literário muito valioso: um conto natalino que decidiu – com a autorização do autor – socializar com os visitantes do site do NCE/USP.
Vejam o documento:
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Bom dia, professor. Tudo bem? Quero ressaltar a alegria em reencontrar a educomunicação em sua essência na comemoração de seus 10 anos. Gostaria de agradecer também porque graças às suas pesquisas e a seus esforços para tornar esta linguagem viva, cresci e gerei frutos educomunicativos que protestam, declamam, gritam e cantam.
Bom, quero compartilhar um pouco da minha experiência de vida após Educom.Rádio

Participei pela escola EMEF Engenheiro Horácio de Almeida localizada em Vila Conceição , Zona Leste. Após um ano de finalização do programa a escola foi desativada por ser de “latinha”. Esta  foi a maior perca para o bairro. Protestamos, saímos na mídia, tivemos verbas liberadas para construção da mesma em alvenaria, mas os “meios” políticos conseguiram passar por cima de tudo e de todos e derrubaram todos os projetos  e histórias existentes ali  (Educom.Rádio, OP.Criança, Você Apita, Sexualidade, Projeto ECA..).

Mas uma coisa continuou de pé! As sementes que foram semeadas estavam em fase de crescimento… e já era fato certo que, em algum momento, nasceria uma “flor no asfalto”.

Cresci, liderei alguns movimentos políticos locais, desenvolvi outros projetos e vivi a comunicação como estilo de vida, sempre focando em quem eu gostaria de ser.  Para custear os meus estudos comecei a trabalhar com 13 anos (sem deixar de estudar). Logo após o término do ensino médio entrei na faculdade de Design, fiz estágio em uma assessoria de imprensa e logo depois já estava trabalhando no Fábricas de Cultura que é um projeto do governo no qual eu trabalhava com as mídias na terceira idade. Logo após fui promovido e comecei a aplicar o meu trabalho com adolescentes na linguagem de multimeios.

Em seguida fui convidado a visitar e desenvolver este trabalho em uma Igreja que cumpria o papel de escola na África do Sul – Cape Town. Logo após este processo fui convidado a fazer parte do grupo Marista como educador de Educomunicação, onde desenvolvo pesquisas e projetos alinhados á linguagem. Há um mês retornei de Chicago após 3 meses onde tive a oportunidade de experimentar outras referências e pesquisas. Continuo estudando, terminei minha pós em Gestão Jornalística, estou fazendo rádio e TV e o próximo passo é chegar até a ECA. 

Os dois últimos projetos que desenvolvi no grupo Marista foi uma imersão junto com os educandos de 05 a 14 anos na cultura indígena durante 06 meses, projeto que resultou em um documentário, uma exposição de fotos e um seminário para professores e educadores da Zona Leste, tudo construído e organizado pelos próprios educandos. 

E agora estamos iniciando um novo projeto que tem como objetivo reconstruir São Paulo a partir do olhar deles, vamos ouvir histórias e visitar pontos importantes da cidade para iniciarmos esta nova produção. 

Enfim, são muitas coisas para se dizer neste e-mail.  Gostaria muito que o Sr. visse de perto todas estas transformações que são frutos dos teus esforços. Sei que o seu tempo é curto e concorrido, mas gostaria de compartilhar mais coisas com você e principalmente de ouvir mais experiências e conselhos. O que o Sr. acha?

Um forte abraço. Ass: Danilo Vaz ——————— Resposta do Prof. Ismar:

Querido Danilo,
O mundo está aberto para os construtores da educomunicação. O conceito já não nos pertence. Aliás, nunca nos pertenceu, nem a mim nem aos 600 mediadores que trabalharam para tornar a educomunicação uma realidade nas políticas públicas de São Paulo. Mas, sim, aos que, na América Latina, construiram esta prática, tida, no passado, como “alternativa”, e que hoje passa a ser reconhecida como um campo de trabalho legitimado e consolidado, graças a ações como estas que você acaba de relatar.
Sua história é tão extraordinária  que vale como um Conto de Natal, dos verdadeiros!
Feliz educomunicação, para você!
Prof. Ismar

Obs.: o documentário sobre a cultura indígena (Projeto Cocar) está disponível no Youtube ( https://www.youtube.com/watch?v=bV36OjGD9T4)

Um conto de Natal? Ou… um conto de Educomunicação!

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