#1Caça aos tesouros: Reflexões sobre Mídia e Infância no ‘Xou da Xuxa

Tesouros encontrados no NCE:

1)VHS do programa “Xou da Xuxa”, dos dias 12/10 e 11/10 de 1991;

2)Ensaio  “Televisão, Criança e Imaginário: contribuições para a integração Escola -Universidade – Sociedade”, produzido sob coordenação da Profª Dra. Elza Dias Pacheco, coordenadora do LAPIC (Laboratório de Pesquisas sobre Infância Imaginário e Comunicação);

3)Revista “Comunicação & Educação – Comunicação e escola: pesquisando jovens professores”, v. 15, n. 2 (2010)

Por Carolina Germano e Anna Guedes
No desafio do “Caça ao Tesouro” realizado no NCE – Núcleo de Comunicação e Educação,  participamos de uma atividade de caça  a materiais de pesquisas sobre o tema “Mídia e Infância”. Decidimos, então, que iríamos delinear esse tema a partir do estudo de recepção midiática, ou seja, de que maneira a criança recebe determinado produto midiático. Dessa maneira, nota-se um estudo muito mais focado no receptor, o que valoriza, de certa maneira, o papel da criança no processo comunicativo com relação à mídia. Selecionamos três materiais: um VHS do programa “Xou da Xuxa”, dos dias 12/10 e 11/10 de 1991; o Ensaio  “Televisão, Criança e Imaginário: contribuições para a integração Escola -Universidade – Sociedade”, produzido sob coordenação da Profª Dra. Elza Dias Pacheco, coordenadora do LAPIC – Laboratório de Pesquisas sobre Infância Imaginário e Comunicação, que existiu por 11 anos na ECA/USP; e a revista “Comunicação & Educação – Comunicação e escola: pesquisando jovens professores”, v. 15, n. 2 (2010), publicado pela Editora Executiva Cláudia Nonato, juntamente com grande equipe de editores e conselho editorial composta por docentes da área de comunicação de diversas universidades do Brasil, incluindo o Prof. Dr. Ismar de Oliveira Soares e a Profª Drª Maria Cristina Castilho Costa, ambos docentes da área de Educomunicação da ECA-USP.


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Após a análise, notamos que o Ensaio tratava da caracterização de alguns programas infantis populares à época em que foi produzido, 1997. Entre eles, estava o “Xuxa Park”, o qual dialogava muito com a VHS do “Xou da Xuxa”. Apesar dos materiais se referirem a produtos midiáticos diferentes, ambos detinham de muitas semelhanças e por isso, decidimos agrupá-los. Primeiramente, temos que o ‘Xou da Xuxa” fora um programa composto por quadros de auditório intercalados com desenhos animados. Sua duração foi de 1986 a 1992 e ia ao ar de segunda a sábado.

Já o “Xuxa Park” tinha a exibição feita aos sábados, entre os anos de 1994 e 2001. A programação se assemelhava com o “Xou da Xuxa”: quadros de auditório intercalados com desenhos animadas, mas além disso, havia atrações artísticas e clipes musicais. Mas, talvez, a principal semelhança entre esses dois produtos seja o seu público alvo que é, majoritariamente, crianças.

Versão em VHS do programa de TV “Xou da Xuxa”, de 1991.
O Ensaio “Televisão, Criança e Imaginário: contribuições para a integração Escola-Universidade-Sociedade” nos trás algumas informações sobre o “Xuxa Park” muito interessantes como “a preferência pelo programa foi apontada principalmente por crianças do sexo feminino, com idade variando entre 7 a 9 anos.”. Os principais motivos de gostarem do programa apontados pelas crianças foram “porque tem desenho” e “porque tem brincadeira” – mesmos elementos que continham no Xou da Xuxa. Os motivos que podemos chamar de “secundários” para as suas preferências foram “porque tem música e dança” e “porque gosta da animadora”. Mas, na análise, nota-se que a preferência pela animadora – no caso, a Xuxa – se dá pelo fato dela cantar e dançar. Podemos assim, entender que “gostar da animadora” é a última das questões para a criança assistir ao programa. Tal informação desmitifica muito nossas ideias em relação aos programas infantis.
Por muito, temos a impressão que a preferência das crianças é em relação à apresentadora e devido a isso, a Xuxa poderia ter uma influência excessiva no comportamento infantil. Porém, podemos entender que isso não é verídico por:

1) A preferência pela apresentadora está entre as últimas relevâncias para a escolha do programa pelas crianças, dessa maneira, sua influência também acaba sendo “menos relevante”.

2) As influências são diferentes para cada criança e para cada contexto a qual está inserida. Esse último ponto deve ser o mais importante para entender a ideia de “recepção midiática”, pois, é a partir do contexto no qual a criança está inserida que então começamos o estudo de como algum produto midiático será recebido. Por exemplo, uma criança negra da periferia, provavelmente, vai receber um game de algum jogo com temática violenta muito diferente que uma criança branca de classe média.
Partindo dessas reflexões, ao analisarmos a edição nº 2 da revista Comunicação & Educação, que traz como temática “Comunicação e escola: pesquisando jovens professores”, além de tópicos como o “Espaço da mídia na sala de aula; a recepção de imagens cinematográficas; mídia-espetáculo: o caso Isabella Nardoni e leitura, biblioteca e contextos culturais”, resolvemos coletar informações que remetem justamente o fato da questão da mídia relacionada à infância.
Ensaio “Televisão, Criança, E Imaginário: Contribuições Para A Integração Escola-Universidade-Sociedade” – LAPIC/CCA/ECA/USP – 1997
Com destaque para o artigo de Heloísa Dupas Penteado, professora do programa de pós-graduação na Faculdade de Educação da USP, que relata o resultado da mesa temática “O Espaço da Mídia na Escola”, propondo reflexões e indagações sobre a articulação e a inserção da mídia no ambiente escolar, que pode proporcionar trocas significativas de conhecimentos entre o educador, o educando e a própria mídia em si, encaminhando férteis descobertas de conhecimento entre os participantes dessa ação conjunta entre comunicação e educação.
O artigo da doutora em Ciências da Comunicação pela USP, Isabel Orofino, traz uma crítica que propõe uma reflexão sobre a dimensão da recepção no processo de midiatização do caso da menina Isabella de Oliveira Nardoni, de 5 anos de idade, jogada pela janela do 6º andar do Edifício London, em São Paulo, na noite do dia 29 de março de 2008; e no julgamento dos acusados em 22 de março de 2010, amplamente divulgado pelos meios de comunicação no espaço dedicado ao jornalismo. O artigo analisa as estratégias utilizadas para mobilizar as audiências a partir do uso de recursos próprios da narrativa ficcional e do gênero melodramático. Analisa-se também as referências sobre a compreensão do papel dos receptores nas mediações dos conteúdos veiculados pela mídia comercial.


Revista Comunicação & Educação – Comunicação e escola: pesquisando jovens professores, edição número 2°
Enquanto educadores críticos, há a necessidade de problematizar os eventos midiáticos para além da visão maniqueísta que vê a mídia como expressão de todo o mal e que demoniza os seus fenômenos. A hipótese defendida é de que a cobertura policial do caso Isabella Nardoni teve tamanha repercussão não porque a mídia criou este fenômeno como algo puramente fabricado (ainda que isto esteja presente), mas porque há outras dimensões envolvendo a atividade das audiências que precisam ser consideradas.
No curso de Licenciatura em Educomunicação temos grande enfoque na questão da leitura crítica da mídia. Nesse caso da morte da menina Isabella, podemos fazer tal leitura diante de como o caso da morte de uma criança foi explorado e abordado na mídia. Leitura esta que possibilita reflexão sobre um fenômeno particular, amplamente veiculado pela mídia; possibilita também uma certa ampliação de mediação ao compreender que há o outro lado da moeda, isto é, a esperança de localizar novos modos de reconhecimento deve também mobilizar nossa atenção.

Ademais, é válido ressaltar a importância do desafio proposto para construirmos tal reflexão acerca do assunto “mídia e infância”. Isso porque o espaço do NCE nos proporciona a imersão com temas inerentes à área da Educomunicação. Os materiais, que vão de produtos midiáticos diversos a teses e publicações acadêmicas, são essenciais para uma pesquisa sobre assuntos da interface comunicação/educação.
#1Caça aos tesouros: Reflexões sobre Mídia e Infância no ‘Xou da Xuxa

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