A disciplina“ Precisamos falar de câncer: projetos interdisciplinares de combate à desinformação e preconceitos” promove o combate às informações falsas em saúde.
Iniciativa do Centro de Estudos e Tecnologias Convergentes para Oncologia de Precisão (C2PO) da Universidade de São Paulo (USP), a proposta, “Precisamos falar de câncer: projetos interdisciplinares de combate à desinformação e preconceitos”, se desenvolveu na problemática da desinformação da área da saúde, com tema central “câncer”, em que as dificuldades de enfrentamento e combate são muito extensas. Elaborada atráves da estratégia de ensino de projetos, esse curso surgiu “com a finalidade de difundir os valores e critérios que preconizamos em nossas pesquisas para um público de alunos da USP com potencial de se tornarem agentes multiplicadores dos mesmos, frente à população em geral” diz o Professor Fábio Siviero (ICB-USP), coordenador do curso. A disciplina conta com auxílio de diversos pesquisadores e especialistas em áreas diversas, sendo destacada a participação do curso de Educomunicação. Os projetos consistirão em uma peça de mídia informativa, relacionada a algum tema sobre câncer.
Em entrevista ao Núcleo de Comunicação e Educação (NCE) da Universidade de São Paulo (USP), o Professor Fábio Siviero, do Instituto de Ciências Biomédicas (ICB-USP), destacou que “existe uma grande quantidade de desinformação presente em diferentes formas no dia-a-dia de todos, que acabam por prejudicar a transmissão de conteúdos suportados por evidências científicas. Assim, acreditamos que capacitar formadores de opinião seja uma forma positiva e efetiva de trazer informações e orientações adequadas para um grande público, em uma linguagem atual e acessível”. A disciplina é totalmente à distância, remota, com encontros síncronos através do Google Meet e elaborada no Moodle USP.
O coordenador explica que a disciplina tratará temas alinhados ao C2PO e será dividida em duas metades, em que exploram temas como conceitos gerais sobre suas causas e estratégias de combate do câncer; construção do conhecimento científico; caracterização da desinformação e seus obstáculos de contestação; tópicos específicos sobre comunicação e divulgação científica e produção de texto jornalístico; além do desenvolvimento dos projetos.
Parceira do curso, a Licenciatura de Educomunicação atua no auxílio de uma comunicação mais assertiva para os diferentes públicos do programa e, também, na metodologia de projetos. O Prof. Dr. Roger Chammas, professor titular de Oncologia desde 2009 da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (FM-USP), enfatiza a necessidade de aproximar o pesquisador da fonte de seu estudo e a vulnerabilidade da área da saúde em relação à desinformação. “Não queremos somente discutir conceitos, mas mudar atitudes”, destaca. Chammas explicou a importância do papel comunicador-educador do profissional da saúde, “É importante melhorar a comunicação e o papel educador do profissional da saúde, com foco na relação médico-paciente, como formas de combate ao charlatanismo”. Por fim, o Prof. Dr. Roger Chammas ressalta que os jovens fazem um papel de vetor de transformação na vida de pais e responsáveis, sendo de grande necessidade um trabalho de prevenção e empoderamento das próximas gerações em relação ao câncer.
Com a participação ativa das interdisciplinaridades no curso, “Ao final da disciplina esperamos que os estudantes tenham maior habilidade para buscar informações confiáveis, identificar desinformações e serem melhores divulgadores e comunicadores científicos”, expõe Siviero.
O NCE-USP foi convidado a participar do curso, representado pelo professor Claudemir Edson Viana. Um dos encontros será dedicado a apresentar a Educomunicação por meio de alguns projetos educomunicativos de referência, como é o caso do Imprensa Jovem na rede municipal de educação de São Paulo. Essa apresentação será conduzida pelo discente da Licenciatura em Educomunicação, Leonardo Costa, professor da EMEF Josué Castro onde atua no Imprensa Jovem e na Sala de Leitura. Além disso, haverá relatos de jovens participantes do projeto.
“A intenção é dar à turma de jovens que estão matriculados nesta disciplina uma ideia do que é a educomunicação na prática, e como ela pode servir de referência no conhecimento e na prática cotidiana de comunicar educando sobre tema tão importante mas tão estigmatizado”, diz Viana.