Projeto desenvolvido pelo Kairo Rudah apresenta narrativas e produções a partir do olhar das vivências de jovens

Por Jade Castilho
Como falar de HIV/aids com as juventudes? Essa é a pergunta que inicia o Diário de Oficinas Educomunicativas LACRE, criado por Kairo Rudah.
A partir das oficinas desenvolvidas pelo educomunicador, a publicação apresenta as narrativas e produções com o olhar das vivências das juventudes sobre como abordar o HIV/aids por meio do Arthvismo, uma fusão entre arte e ativismo.
Participante da Agência Educomunicativa PositHIVa Pra Brilhar, uma iniciativa da Viração, durante os anos de 2024 e 2025, Kairo conta que o Diário nasceu a partir de oficinas realizadas por ele com jovens e adultos em espaços públicos, como unidades de saúde e equipamentos culturais.
Durante os encontros, as juventudes, em diálogo com o educomunicador, participaram de dinâmicas, experimentações artísticas, trocas de experiências e apresentações de conceitos para pensar a educação sexual e a prevenção do HIV/Aids.
“A partir das narrativas construídas, por meio das técnicas educomunicativas, que incluía uma noção de pertencimento, protagonismo da própria história, memória, contexto territorial e potência de narrativa, surgiram as primeiras produções, como os zines e cartazes. Com isso, foi possível levar essas informações para outros jovens e em outros espaços, para pensar em como a gente pode trabalhar o HIV e como ele já está presente na vida de todo mundo”, conta Kairo.
O conceito de artHIVismo
Ao longo do Diário, Kairo relaciona as vivências, expressões artísticas e memórias compartilhadas com o conceito de artHIVismo. De acordo com o educomunicador, o neologismo é uma provocação advinda do manifesto do pertencimento, que inaugura a publicação, e integra o artivismo e a temática do HIV.
Para Kairo, é um conceito que aborda como que a partir das trocas, seja em uma mesa de bar, em sala de aula, em uma roda de amigos, ou com familiares, podemos unir arte e ativismo e introdução à educação sexual e formas de prevenção para o HIV/Aids.
“É uma forma de pensar em como a gente pode introduzir educação sexual, formas de prevenção, nesses contextos de interação com uma mensagem de afeto, cuidado, resistência, felicidade. E o artivismo eu definiria como isso, de encaixar, na nossa vivência artística, o HIV, para contribuição social e mobilização dos que estão ali, convivendo e vivendo com você, uma abertura de comunicações sobre o assunto”, complementa.
A educomunicação como caminho
Enquanto teoria e prática, a educomunicação, desde a criação de seu conceito como campo de interface entre a comunicação e a educação, se apresenta como tecnologia de mobilização social e de promoção de diálogo.
Ao pensar em como a educomunicação pode impulsionar diálogos sobre gênero, sexualidade e direitos humanos, Kairo relata que ela pode ser pensada como uma ferramenta de conexão para dialogar sobre questões de direitos humanos e prevenção.
“A educom acaba trazendo a informação não só mais perto desses jovens, mas também para a realidade situacional onde a pessoa consegue encaixar a própria vida e transpassar para cuidados afetivos, para pessoas que estão no seu entorno”, relata.
Por fim, para Kairo, a educomunicação vai além de uma epistemologia ou campo de conhecimento, mas também uma forma de existir.
“Além do político, é uma forma de existir, não só no mundo do trabalho, é um caminho de dar um retorno, um retorno social, onde seus sonhos, interesses viram projeto, estratégia, ação, afinal de contas a educom é esse campo de ação”, finaliza.
Saiba mais
Diário de Oficinas Educomunicativas LACRE – LabcreatHIVo
Pessoas que VHIVEM – Um documentário de Kawan Freitas